Palestras abordam fatores hereditários e novos tratamentos para X Frágil

O diagnóstico precoce, a hereditariedade dos fatores que causam a Síndrome do X Frágil e algumas doenças associadas foram temas de duas das palestras do 11º Encontro Catarinense da Síndrome do X Frágil, que ocorre durante toda a segunda-feira (7) na Assembleia Legislativa. As conferências foram apresentadas pela médica brasileira Pricila Bernardi, geneticista do Hospital Universitário da UFSC e da Clínica Materno-Fetal, em Florianópolis, e a neuropediatra norte-americana Randi Hagerman, diretora médica da UC Davis Mind Institute e professora do Departamento de Pediatria da UC Davis School, em Sacramento, na Califórnia.

De acordo com a geneticista brasileira, a procura por um diagnóstico por parte das famílias geralmente ocorre quando se observa algum atraso no desenvolvimento, como a demora para a criança sentar e caminhar e problemas com a linguagem e com interação social. “São famílias que não têm a menor ideia de que a criança possa ter X Frágil, mas vão buscar o neurologista, o psiquiatra pra tentar saber o motivo daquele atraso”, afirmou Pricila.

Para ela, é importante que os profissionais sejam treinados para identificar nas crianças as características físicas que indicam a possibilidade de ocorrência da síndrome. “No geral, os médicos não têm esse treinamento, só vão pedir o exame porque tem atraso no desenvolvimento. Aí é um caminho longo, porque o exame é caro e não temos isso disponível no SUS”, lamentou.

Mas a boa notícia, segundo a médica, é que as famílias têm recebido mais informações vindas das escolas, das creches, o que vem gerando uma busca mais precoce pelo diagnóstico. “Quando começam a aparecer manifestações fora do normal, as pessoas já procuram mais cedo por isso.”

Pricila Bernardi explicou que não é comum as pessoas procurarem mais informações antes de terem filhos. Esta investigação em geral leva em conta o histórico familiar, o que aumenta a importância dos exames de diagnóstico em casos específicos. “Em geral a gente olha pra trás na família. Se não tem histórico de nada, já tem várias gerações que não aparece nada, dificilmente vai ter X Frágil. Agora, se é adotado ou uma pessoa que não conheceu a família do pai, sempre existe essa chance.”

De qualquer modo, ela considera interessante a investigação prévia. “Seria interessante. Não se procura mais por causa das implicações financeiras.”

Doenças associadas ao X Frágil

A neuropediatra norte-americana Randi Hagerman comanda uma equipe que descobriu a relação entre o X Frágil e algumas doenças, como a Síndrome da Insuficiência Ovariana Precoce (FXPOI) e a Síndrome de Tremor e Ataxia Nervosa associada ao X Frágil (FXTAS). Novamente, o diagnóstico precoce é importante para o sucesso do tratamento.

No caso da FXPOI – que leva, por exemplo, ao mau funcionamento dos ovários ou ao início da menopausa antes dos 40 anos – a ideia é identificar possíveis sinais de pré-mutação, a causa genética mais comum para este problema. “E também os adultos mais velhos com a pré-mutação podem apresentar tremores e também Síndrome de Tremor e Ataxia Nervosa associada ao X Frágil (FXTAS). É um problema neurológico”, revelou.

 

De acordo com a médica, os pais de crianças com X Frágil muitas vezes relatam casos em que os avôs apresentam tremores e ataxia – palavra que significa incapacidade de coordenação e é usada para designar os sintomas de diversas condições neurológicas degenerativas do sistema nervoso. “Às vezes as avós também têm, por serem portadoras.”

Ela destacou a necessidade do diagnóstico de FXTAS a partir de um exame de sangue pedido por um neurologista. “É muito importante, porque vamos ter tratamentos novos para FXTAS também”, disse a médica.

Novos tratamentos

Em sua palestra, Randi Hagerman falou de novos tratamentos que vêm surgindo para quem tem X Frágil. Um deles é o PILI, sigla em inglês para intervenção na linguagem implementada pelos pais, que ensina maneiras de melhorar a linguagem das crianças. O PILI é apresentado aos pais via Skype.

Entre os medicamentos também há novidades. “Metformina é um medicamento muito bom porque pode barrar proteínas que são muito altas na síndrome, para que o desenvolvimento do cérebro seja normal”, explicou. Ela listou medicamentos como o gaboxadol, a sertralina e o canabidiol, que também vêm sendo usados no tratamento. “O canabidiol é muito bom para problemas de comportamento de quem tem X Frágil, como agressividade e explosões emocionais, como a birra”, exemplificou.

Marcelo Santos/AGÊNCIA AL

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